quinta-feira, setembro 25, 2014

Seguro Compromisso

Há um processo partidário que se arrasta há uns tempos e que começou mal, desde logo porque inesperado, e sobre o qual me tenho mantido em público silêncio, por vontade e por outras prioridades. Mas agora que a tempestade voluptuosa da contenda parece amainar, e de parte a parte os mais turbulentos parecem ser calados pela decência da ponderação e da elevação, é tempo de dizer que, apoio António J. Seguro.

Nada me move contra António Costa, e esse é o primeiro sublinhado. Na vida, na política, ou dentro de um partido, apoiar alguém não é estar contra outrem! Grow up kids!
Mas admito que não gostei particularmente da forma como surge, quase que endeusada, a candidatura do camarada Costa. As regras são a base da democracia e os partidos, sem os quais ela não existe, devem ser os primeiros a dar o exemplo e por isso, todo este decurso foi estranho e prejudicial ao PS, aliviando as atenções de quem as deve ter sempre, o governo.
E os cidadãos, já tão fartos e alheados da política e dos políticos, não precisam de mais exemplos que possam alimentar a má vontade contra quem elegem.

Mas pronto, as regras foram redefinidas, o processo avançou e há neste, como em tudo, danos e benefícios sendo que o mais relevante parece já ser inegável: as primárias, há tempo defendidas por muitos onde me incluo, vieram para ficar e será mais uma vez o PS – como aconteceu com a eleição direta do secretário geral ou com as quotas de paridade, por exemplo – a marcar a forma de funcionamento dos partidos na sua modernização e abertura à sociedade.
 Agora, além dos militantes, muitos outros terão a oportunidade de exprimir a sua opinião sobre aquele que sem grandes dúvidas será o próximo primeiro-ministro deste país.

E voltando ao início, apoio Seguro. Porque na política como na vida, a palavra, e com ela o compromisso, e com eles a confiança, são prática e valores que é só sei respeitar. Para mim, sempre.
A palavra é um contrato, e se nada mais houvesse, seria razão inteira para apoiar Seguro.
Tudo o demais, das qualidades e das ideias dispenso por agora, até porque duvido que alguém ainda se deixe convencer, a maioria saberá quem escolher.
Há de qualquer forma para mim algo evidente, ou não seria militante e tudo o mais, convicto socialista. Salvo alguma exceção grave, o secretário geral, bem como o candidato a que quer que seja do meu partido será a pessoa que apoio. Goste mais ou menos do estilo, do nome, dos amigos e de quem o rodeie, será sempre a pessoa que mais se aproxima dos valores que defendo, e estranho seria se assim não fosse!

Com Costa, ou com Seguro como espero, a partir de segunda todos somos precisos para continuar a lutar por este país. Saibamos sarar feridas e fortalecermo-nos com elas.
De 29 em diante, Avançamos Juntos.

 

8 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro Hugo,

Este teu artigo já revela que admites a vitória do camarada Costa como muito provável.
Sem deixares de o apoiar, já tens uma mensagem política híbrida - de estar de bem com deus e com o diabo - afinal tão característica da generalidade dos lacões que pululam da base ao topo do nosso partido.
Mas deixo-te uma pergunta :
A Concelhia empenhou todas as jóias no apoio ao Tó Zé Seguro e o Costa teve 64% dos votos expressos no concelho.
Não acham que deviam demitir-se como o Seguro fez e convocar novas eleições para os órgão concelhios do partido ?
Ou então tudo o que disseram e fizeram não passou de um blá, blá, blá...para agradar ao chefe e ao aparelho superior do partido.
Sê coerente, Hugo, tu e os outros.
Deixem de considerar o nosso PS como uma coutada privada do Ferreira e dos seus interpostos presidentes.
Façam eleições com o mesmo colégio eleitoral das primárias, até porque, apesar de tudo, a eleição dos órgãos concelhios é bem menos relevante do que a eleição do candidato do PS a primeiro-ministro.
Considera estas opiniões desapaixonadas como construtivas e visando apenas e só a renovação urgente de dirigentes apegados há 10 anos ao seu pequeno poder concelhio.
É preciso sangue novo, não tanto na idade, mas nas ideias e nos métodos.

JP

Sílvia Marques disse...

Grande diferença entre entre a tua maneira de estar e a de Luís Ferreira - entre o antes e o depois da derrota de AJS.

Por muitas vezes que tenha discordado contigo e não foram situações fáceis, pelo menos ainda me resta recordação de alguma dignidade do tempo em que mais estive presente na politica e em que tu lideravas o partido a nível do concelho.

Só tenho a dizer obrigado Hugo e desculpa qualquer coisinha, porque afinal se nessa altura eu achava que tínhamos equipa para fazer muito melhor, agora acho que estávamos muito melhor do que aquilo que hoje estamos!

Bem haja, não sei se hei-de pedir para que nunca desistas para um bem do concelho, ou se como amiga dizer-te apenas gabo-te a paciência!

HC disse...

sr "JP"

O PS nabantino não é coutada de ninguém, nem os seus líderes são "interpostos", a começar por mim que o fui durante 6 anos e sempre pensei pela minha cabeça.
Essa do "com deus e com o diabo" é precisamente a ideia que sempre combati, como está bem expresso no texto que escrevi. Apoiar alguém não é estar contra outrem! Só pessoas mentalmente enfezadas podem pensar assim.
Mais, comigo, e sei que com a generalidade dos outros que são referidos, ninguém trabalha para "agradar ao chefe". Convicções são convicções.
E era o que mais faltava que a escolha de uma candidato a primeiro ministro tivesse alguma coisa que ver com eleições para a concelhia.
Isso não é sequer ingenuidade, é mesmo vontade de criar problemas, e é por isso que quem o tenta tem a aceitação que tem dentro do partido.
É que não aprendem!!

Anónimo disse...


Meu caro Hugo,

Convém não perder a postura e começar a ver fantasmas onde não os há.
Mas também não se pode, nem se deve, tapar o sol com a peneira.
Eu não sou um adversário e, muito menos, um inimigo.
Sou um militante como tu.
Os meus adversários e/ou inimigos não estão no nosso PS.
Mas toda a gente sabe que quem manda no PS de Tomar há 10 anos é o Luís.
Apesar de se ter demitido após as autárquicas de 2005.
Quer queiras, quer não, foi isso que aconteceu enquanto tiveste o nome de Presidente e o que aconteceu depois com a Anabela.
Mas agora ainda é mais grave - ele é o efectivo, o real Presidente da Concelhia e da Câmara.
E toda a gente sabe isso, dentro e fora do PS - incluindo tu e todos os restantes vereadores.
E é este estilo de fazer e de estar na política, foi o empenho total, absoluto, sem qualquer reserva ou pudor, foi a utilização de todos os meios e estrutura do PS no apoio a um candidato - no caso, o TZS - que, depois apenas obtém 1/3 dos votos, retira legitimidade política à direcção concelhia.
Por muito menos, o camarada Guterres demitiu-se de SG e de 1º Ministro.
O republicanismo é para praticar, mais do que para proclamar e não praticar.
E termino quase como a Sílvia :
Se, de facto, não te queres reconhecer e confundir com certas práticas caciqueiras e, simultaneamente, vais branqueando e aceitando o que se vem passando, não te gabo a coragem, mas :
" gabo-te a paciência!"

JP sem aspas.

Anónimo disse...


Meu caro Hugo,

Lamento imenso que este teu espaço não possa ser, ao menos, um espaço de diálogo entre nós, os socialistas.
A não publicação da resposta que te dei, configura algo de que não estava à espera, sinceramente.
Faz-me ter receio de ver a prática de um dirigente do PS a assemelhar-se à daqueles que defendem um partido único, um pensamento único e uma triste proclamação do velho ditador :
"Quem não está por mim, está contra mim !"
Nunca pensei.
Mas registo.
E não deixarei de manifestar o meu desgosto aos meus e teus camaradas.
Para que se saiba que : nem sempre o que parece é.
E cá vou ficar à espera de ver como os ferrenhos Seguristas se vão travestir de grandes Costistas, depois de tudo o que disseram e fizeram.

JP

HC disse...

"JP"

Não estou aqui à espera que cheguem comentários para vir a correr autorizá-los, passam-se muitos dias sem consultar isto.
Depois, não é aqui que se discutem assuntos sérios, muito menos com ideias pré-concebidas e insultos disfarçados. A do "seguristas e costistas" é mais um insulto disfarçado. A minha posição sobre o assunto está bem expressa no meu texto.
Já lhe disse que em mim ninguém manda, e pela minha cabeça só eu penso.
O importante é isto: há muito anos (mas há sempre novos protagonistas a tentar velhos métodos) que digo que não discuto com anónimos, não tenho tempo nem paciência.
Quando quiser conversar pessoalmente, sou fácil de contactar.

Anónimo disse...


Meu caro Hugo,

A fuga ao debate tem sempre escapatórias de saída e quase sempre as mesmas ou parecidas.
Seja qual for o local escolhido.
Quem ousa meter-se com "o poder" daquele círculo fechado que ambos conhecemos, está tramado.
Aqui, na VR, num qualquer café ou convívio, seja onde for.
E, tristemente, o círculo tem uma legião de "bufos" que a troco de um lugarzito não só "sopram" como deturpam e inventam.
E este é também um grande problema no PS, desde que se instalou a lógica das clientelas de grupo, com destaque especial para os maçons provenientes do GOL ou da GLLP.
Porque é por aí, de uma forma transversal a todo o partido. que se esgrimem e decidem as lutas pelos pequenos poderes locais, embora em articulação com os barões nacionais.
Os livros de Gustavo Sampaio, primeiro "Os Privilegiados" e agora "Os Facilitadores" põem muita miséria moral e ética a nu, inexoravelmente.
E todos vemos isso, mas é proibido falar e discutir o assunto.
Não por "decreto" mas por uma atitude de "autocontenção, autocensura e instinto de sobrevivência".
Ou então bater com a porta e deixar os "irmãos de bons costumes a falar sozinhos", o que equivale a resignar à participação cívica no partido com que mais nos identificamos.
Precisamos de debate livre, sem olhares censórios e de aviso, sem ameaças mais ou menos veladas.
Houve muito MILITANTE que se absteve de votar nas primárias, muitos mesmo.
Vós, "os iluminados", tentem ao menos saber porquê.
E talvez tenham algumas surpresas, talvez umas tantas "de tirar o sono" a qualquer dirigente minimamente sério e desinteressado do seu umbigo e da sua "carreira".

PS - Estou mesmo a ver que o mais provável será a não publicação deste comentário. Se isso se vier a confirmar, ou se a resposta for exemplarmente evasiva como a anterior, não deixarei de tirar e divulgar as minhas ilações.
Tanto quanto possível, longe dos olhos e ouvidos do "Rei".

Apesar de tudo, um abraço para ti.

JP

HC disse...

Está visto quem é evasivo e foge ao debate.
Como todos os que me rodeiam sabem, estou sempre disponível para conversar com quem de boa fé. Cara a cara.